Educação

Aprendendo no papel

Alunos do terceiro ano do Ensino Fundamental na Emef Piratinino de Almeida usam o Diário Popular para entender o mundo ao seu redor

Jô Folha -

Em tempos de smartphones e redes sociais, onde uma criança instintivamente já aprende a desbloquear a tela para acessar conteúdos ainda antes da alfabetização, uma professora de Pelotas tentou algo diferente como forma de atrair a atenção dos pequenos para a leitura no papel. Na Escola Municipal de Ensino Fundamental Piratinino de Almeida, as turmas do terceiro ano do Ensino Fundamental usam o Diário Popular como material de aula e as notícias são aproveitadas para expandir os horizontes da criançada, trazendo uma visão crítica e interpretativa do mundo ao seu redor.

A ideia surgiu quando a professora Margarete Gonçalves passou a assinar o Jornal. Ela começou a levar o exemplar do dia para a sala de aula e a deixar ao alcance dos alunos, com idades entre oito e nove anos, ainda começando a sua alfabetização. Alguns começaram a folhear as páginas e a curiosidade foi aumentando. Questionamentos como o porquê de as folhas não serem grampeadas ou sobre a escolha de temas abordados passaram a ser levantados. Ao final das atividades, para os mais rapidinhos não ficarem parados, a professora sugeria fazer uma leitura.

Foi a partir do crescimento desse interesse que a docente passou a promover atividades utilizando o jornal. Um trabalho estimulava a interpretação de texto e o posicionamento crítico dos alunos. Eles deveriam escolher uma página, ler o texto e destacar qual seu entendimento e seu pensamento sobre aquilo. As mais diversas percepções foram surgindo.

A inclusão e a diversidade também foram tema de outro trabalho. Uma pauta sobre futebol feminino chamou a atenção de uma aluna. "Ela ficou surpresa que meninas podem jogar profissionalmente", revelou Margarete. Outra, ao abrir uma página do caderno Estilo, ficou feliz por ver uma matéria sobre o aniversário do Mickey Mouse, personagem antes visto apenas na TV. Um texto sobre a premiação a uma cientista de Pelotas causou espanto a um aluno. "Eu nunca tinha visto uma cientista, ainda mais aqui em Pelotas", disse em aula. Na página de Economia, a reportagem sobre a influência do aumento do dólar no Brasil foi destacada por outro estudante, que não sabia da interferência da moeda americana no dia a dia do brasileiro.

Alguns alunos, a partir dos trabalhos, disseram querer ser jornalistas. Moisés Melo, de oito anos, pretende ser repórter esportivo, editoria favorita da maioria dos pequenos. Já Enzo Macedo da Silva, um ano mais velho, quer ser advogado, mas destaca a importância do jornalismo também nessa profissão. "Serve pra sabermos o que está acontecendo no mundo", projeta. Já a menina Júlia Correa, que quer ser veterinária, disse que a página Pet do DP chama sua atenção. "A leitura me incentiva a gostar", aponta. Na atividade da aula desta quarta-feira (26), justamente a montagem de um artigo era proposta. A professora deu o título e uma introdução e, a partir disso, os estudantes tinham que concluir conforme sua interpretação.

Inspiração veio da própria infância
Leitora apaixonada, a professora Margarete diz que livros, jornais e revistas fazem parte da sua vida desde a infância. A partir dessa experiência, quis abrir um horizonte de pensamentos nas crianças, para o mundo além da comunidade onde estão inseridas. Implementar nas crianças um pensamento crítico é o principal objetivo da educadora. "A gente reclama que não sabem escolher governantes, mas não formamos leitores críticos. O meu objetivo é que eles leiam a notícia e saibam se posicionar", destaca.

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